Conheci o Rijomax durante uma visita à encantadora vila de Tabuaço, em Portugal. Andava a explorar as ruelas históricas quando me deparei com a Loja Interativa de Turismo de Tabuaço, onde neste momento se encontra o relógio mais completo, complexo, exótico e insólito que se conhece.
Lá dentro, fui recebida por um apaixonado desse mesmo relógio. Enquanto conversávamos, ele contou-me a história do Rijomax, um modelo especial que tinha sido criado com a dedicação e o empenho do senhor Amândio José Ribeiro, que nasceu no dia 18 de novembro de 1912, na freguesia de Santa Eufémia, no concelho de Pinhel e veio a falecer no dia 30 de agosto de 2002, com 89 anos de idade. Em 2002, decidiu vender o seu “Rijomax” ao Município de Tabuaço e por lá ficou, até aos dias de hoje. Descobri que o Rijomax não é apenas um instrumento de medição de tempo, mas um símbolo da identidade e orgulho da vila. Cada relógio foi cuidadosamente montado à mão, utilizando técnicas tradicionais e inventivas do Sr. Amândio Ribeiro.
Este magnifico relógio apresenta caraterísticas nunca imaginadas, ou pensadas por mim, algo extraordinário e fora da “caixa” para a época. Infelizmente, o relógio com o tempo avariou–se, e com muita pena minha, ninguém o consegue pôr a funcionar como dantes, pois não há ninguém que lhe conheça as manhas, e por isso, está findo por dentro, mas vivo por fora.
Este célebre relógio, indicava os movimentos aparentes do Sol e da Lua, segundos, minutos, 24 horas, hora universal, hora lunar, assinala anos bissextos, suprimindo automaticamente 24 anos de 128 em 128; o nascer e o pôr-do-sol, quando crescem e decrescem os dias, assinalava o dia e a noite com escala diária de quantas horas e minutos tem o dia e a noite. Marcava os Equinócios, os Solstícios e as fases da Lua com a luz que recebia do dito Sol.
Assinalava as semanas e os dias da semana; os meses, os dias dos meses e quantos dias faltavam para o fim do mês; os anos, os dias dos anos e quantos faltavam para o fim do ano; as estações e os dias das estações; os signos e os dias dos signos; os semestres, os trimestres e a indicação do dia da semana em que começa cada mês, e outra se o ano fosse bissexto.
Tinha, ainda, indicação dos números do Ciclo Solar, do Número Áureo, da Epacta, letra Dominical, as eras cronológicas, os dias da era de Cristo, e os séculos.
Marcava os feriados, os dias dos Santos e as Festas móveis, possuía barómetro, termómetro e mostrador dos pontos cardeais. Despertava por música à escolha, por campainha, e acendia a luz quando se desejava. Falava, dizendo quantas horas são e dava uma saudação em vocabulário religioso; tem, ainda, um aparelho que chamava o dono da casa.
Ao sair da loja, sabia que tinha encontrado não apenas um relógio, mas uma verdadeira joia cultural e histórica.
A cada olhadela que dava no Rijomax, sentia-me conectada com a história e a imaginação única de um homem simples, mas com uma paixão ímpar pela sua obra.
Este relógio é, sem dúvida, um tesouro que guardo com carinho na memória, da vila de Tabuaço.
Carla Nascimento
Relógio Rijomax |
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