16 fevereiro, 2024

O outro lado de Abel Botelho

Olá leitor(a).

Desta vez será Abel Botelho aquele de quem falarei, mas talvez de maneira um pouco diferente do habitual.

Abel Acácio de Almeida Botelho, nasceu em Tabuaço a 23 de setembro de 1856, filho de Luís Carlos de Almeida Botelho e de Maria Preciosa de Azevedo Leitão. Estudou no Real Colégio Militar entre 1867 e 1872, indo depois para a Escola Politécnica de Lisboa e, consequentemente, para  Escola do Exército. Coronel do Estado Maior do Exército, político e diplomata, iniciou-se na literatura, escrevendo poesia para a "Revista Literária" do Porto, em 1877. 

Também se dedicou a alguns trabalhos relacionados com Filosofia da Arte. Participou no "Diário da Manhã" com vários contos, reunidos no seu livro "Mulheres da Beira", chegando a fazer parte da direção do jornal "Repórter". Escreveu ainda comédias e romances, sendo estes últimos os que muito reconhecimento lhe deram, para além da série de 5 livros a que chamou "Patologia Social". Mas foi "Lira Insubmissa" o primeiro livro a ser impresso, por volta de 1885, seguindo-se uma coleção de livros como "O livro de Alda" ou "Fatal Dilema".

O pintor dos séculos XIX / XX, António Ramalho Junior, pintou o retrato de Abel Botelho em 1889, obra de arte que se encontra no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (Lisboa). E foi do ano de 1890, a obra "Claudina", sobre a vida de uma mulher neurótica. Um ano mais tarde, foi publicada a sua obra mais conceituada, "O Barão de Lavos", onde se fala abertamente de um tema preconceituoso na época, a homossexualidade ou bissexualidade do protagonista, como sendo considerada uma doença. Publicou a novela "Sem Remédio" em 1900 e 4 anos depois o romance "Os Lázaros".

A sua literatura foi considerada naturalista e algumas das suas obras foram traduzidas para castelhano, francês e italiano.  Obras como "A imaculável" (1897) e "Fruta do Tempo" (1904) foram teatralizadas. É dele o projeto gráfico da bandeira da República Portuguesa (verde esperança, vermelho sangue derramado e guerras travadas). Por vezes usou o pseudónimo de Abel Acácio, particularmente enquanto poeta e dramaturgo.

Faleceu em 1917, em Buenos Aires, Argentina. Já são 19 as edições do Prémio Abel Botelho para os melhores alunos desta escola do seu concelho. Abel Botelho está bem representado nas suas obras, em todas as livrarias e grande parte das bibliotecas portuguesas.

E, como não podia deixar de ser, a nossa Biblioteca está recheada das suas obras. Basta visitar, querer conhecer melhor o autor, requisitar e ler.

Nota: os livros sublinhados encontram-se na nossa Biblioteca, entre outros não mencionados.

Prof. Lucília Monteiro

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